Minha rima desanda sempre que meus versos te apontam,
minha métrica é rasa e o tempero das palavras é insosso.
Seu paladar é da lua, blue, pink, sofisticado; e você, elétrica.
Além disso meu teor é magro, puro osso apanhado na rua.
Fico no entanto feliz como se fosse, pois fiz a lição de casa...
Minhas idéias não te ligam nem são pontes pros seus sonhos.

Eia, pois, não sou o seu poeta: nenhum futuro pra nós dois!
Só medonhos pesadelos é o que vejo ou mesmo ouso imaginar.
Quero estancar minha verve, mas derramo-me pelos poros;
e, por um instante, as veias inchadas denunciam meus desejos.
Abro minhas trancas e vou até a varanda inspecionar o dia.
Separo o joio, levanto a fronte e recolho o que ainda me serve.

Fico feliz assim como se fosse, pus a barba de molho, a lição foi complicada...
Não sou mais seu herói, não me conte! - quem apanha sempre aprende!
O que me dói, onde dói, se me dói, ou se estanca... - sou eu agora que escolho!
No horizonte vejo anjos e um coro insinuante de uma sinfonia doce e branca...
Uma luz se acende, vou até o jardim, já não faz tanto escuro na alma.
Tudo se acalma: se eu tanto procuro, tem alguém esperando por mim!

Autor: Expedito Gonçalves Dias (Profex)

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