Eu quero alguém de carne e osso que me tire o sossego. Alguém que me tire a paz, o sono, que me enxergue a alma. Quero alguém que não seja invenção. Quero alguém que seja por ser, mas que seja tudo. Tudo que me faça perder o juízo, a fome, as palavras. Eu preciso. Por favor, você aí, apareça! Me desafie. Eu quero perder o ar. Eu preciso perder o controle, sentir dor, eu preciso quase morrer de amor. Cansei de inventar paixões que me façam sofrer por um dia. Eu não sou mulher de sofrer por um dia. Eu quero amar e sofrer para sempre. E quando o "pra sempre" terminar, eu quero luto. Um pouquinho de drama que for, me dê. Quero verdades ditas na cara, maquiagem borrada, garrafas de álcool e algum Rivotril para dormir. Ah, me desculpe. Cansei do que há de melhor em mim. Eu não quero equilíbrio e sutileza. Eu não quero educação e respeito. Eu não quero compreensão e panos-quentes. Não hoje. Não dessa vez. Não espere isso de mim agora. Será que eu posso atravessar o outro lado e provar o que não-sou? Será que eu posso descer do salto e experimentar o que não me cabe? Depois eu volto, juro. E volto melhor, acredite. Mas te peço uma coisa: me compreenda. Quando eu voltar e estiver frio, me abrace. Não me pergunte aonde fui, não me pergunte o que vi. (Talvez no fundo você não queira saber). Eu quero provar quem sou. Mas não estou preparada, você sabe. O que negamos também faz parte de nós. Por isso, antes que você perceba meu espanto (caso eu me depare com o inesperado), não diga nada. Me olhe com aquele olhar de quem ama. Me dê a mão.

E aceite minha pior parte.