Tem dias que emudeço,
Não pelas palavras que me arrancaram,
E sim pela mudez das que não ouvi.

Tem dias que abraço o silêncio
E no aconchego de um peito invisível,
Ouço mais palavras do que quando falo.

Dôo-me calado às lembranças
Que dispensam palavras para emergirem
Cristalinas do meu olhar castanho.

Calado eu dou nova vida a imagens
Que se perderam no tempo.
Recupero palavras nas páginas opostas,
Como se olhasse à face anterior de mim,
Como se colhesse plumas no vento.

Calado reinvento alegrias
Que me comovem e apagam mágoas.
Será assim enquanto não secarem,
Dos meus olhos,
A fonte que move o moinho d’água

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